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COMO SURGIU O FAGOTE?

como surgiu o fagote

Saiba como surgiu o fagote e aprenda um pouco mais sobre a sua história, sua origem e outros fatos interessantes.

O fagote é um instrumento de sopro do grupo das madeiras que possui o sistema de palheta dupla, assim como o oboé, e também faz parte da orquestra sinfônica. O fagote diferencia-se do oboé tanto pelo formato quanto pela sonoridade mais grave. Seu tubo é maior e mais largo e sua palheta encaixa em um estreito tubo metálico e não no corpo do instrumento.

Um pouco de história…

Assim como o oboé, o fagote possuía mais orifícios do que chaves e era construído por madeira. Atualmente, possui apenas chaves e continua sendo fabricado em madeira.

Fagote barroco, construído por Cahusac (Londres), ca. 17

No séc. XIX, o pintor Jean-Baptiste Debret retratou em suas obras alguns eventos oficiais nas quais se vê instrumentos de sopro, entre eles o fagote.

fagote é um instrumento musical da família dos sopros. A palavra fagote deriva do italiano fagotto. É constituído por um longo tubo cônico de madeira de cerca de 2,5 metros, dobrado sobre si mesmo. A palheta dupla é fixada em um tudel de cobre, ou bocal. Aparecendo com sua forma moderna no século XVIII, o fagote figura em orquestras e grupos de música de câmara. Devido ao complicado dedilhado e às palhetas duplas, o fagote é um instrumento particularmente difícil de aprender, e os estudantes normalmente o escolhem após dominarem um outro instrumento de sopro, como a flauta ou o clarinete.

O fagote é o mais grave instrumento de madeira da família dos sopros. Ele se ramifica ainda em outros dois instrumentos: o fagotino e o contrafagote. O fagotino é um fagote menor e mais agudo, que atualmente está em desuso. O contrafagote é maior que o fagote, pesando cerca de 10 kg, e soa uma oitava abaixo deste.

O FAGOTE DE 1550 A 1700

O fagote por volta de 1600

A origem do fagote é bastante remota. Os instrumentos de palhetas duplas já eram utilizados na Antiguidade, sobretudo no Antigo Egito, no Oriente Médio e na Ásia. No entanto, é na Idade Média que se encontra o precursor do fagote moderno, a dulciana. As origens da dulciana são obscuras, mas no século XVI ele estava disponível em pelo menos oito tamanhos diferentes, e ele continuou sendo usado até o século XVIII, por J. S. Bach e outros. Apesar das semelhanças entre o fagote e seu ancestral, como a forma do cone de madeira, o timbre grave, e o uso de furos e chaves, evidências indicam que o fagote barroco foi uma invenção completamente nova, com uma semelhança apenas superficial à dulciana.

Até 1650, um grande número de instrumentos diferentes coexistiam, sem que, no entanto, possuíssem nomes precisos ou pertencessem a categorias definidas. Alguns estudiosos afirmam que o principal responsável pelo desenvolvimento do fagote foi Martin Hotteterre (1712), que pode ter sido também o inventor da flauta transversal de três peças, e do oboé barroco. Por volta de 1650, Hotteterre teria concebido o fagote em quatro seções, além de ter estendido sua extensão até si bemol, com a adição de duas chaves (Lange e Thomson, 1979). Uma teoria alternativa indica que Hotteterre foi apenas um dos vários artesãos responsáveis pela criação do instrumento.

O fagote de 1700 a 1785

Aproximadamente em 1700 o fagote passou por mais uma transformação, tendo uma quarta chave (sol sustenido) acrescentada, e foi este instrumento que cativou compositores como J. S. BachHaendel e Telemann, e mais tarde também Mozart e Weber. Uma quinta chave, para o grave mi bemol, foi acrescentada durante a primeira metade do século XVIII. Alguns dos fabricantes dos fagotes barrocos de 4 e 5 chaves foram J.H. Eichentopf (1678-1769), J. Poerschmann (1680-1757), Thomas Stanesby Jr. (1668-1734), G.H. Scherer (1703-1778) e Prudent Thieriot (1732-1786). Neste período, numerosas sonatas e concertos são escritos. Vivaldi, por exemplo, dedica ao seu instrumento cerca de quarenta peças. O claveamento ainda não havia sido inventado, mas começava-se a refletir sobre sua evolução e a se impor um posicionamento das mãos.

O fagote a partir de 1785

O fagote por volta de 1870

O século XIX é, certamente, a grande época da fabricação dos instrumentos de sopro. Numerosos fabricantes procedem a modificações no instrumento. No entanto, a evolução do fagote é freada pelos próprios músicos, por ser o fagote um instrumento de complicado manuseio e difícil aprendizado. As mudanças de dedilhado demandam dos músicos um grande esforço de adaptação. Nessa época começa a diferenciação entre os dois sistemas existentes atualmente: o Heckel (Sistema alemão) e o Buffet (Sistema francês).

O fagote hoje

Hoje, existem dois tipos de fagotes: o fagote do sistema francês e o do sistema alemão. As principais diferenças entre os instrumentos dos dois sistemas residem na madeira utilizada em sua confecção, a furação e o chaveamento, e consequentemente, os diferentes dedilhados etc. São duas as principais fabricantes do fagote francês Buffet-Crampon e Selmer. Heckel, Püchner, Moosmann, Schreiber, Adler, Mönnig, Sonora, Hüller, Amati, Fox e Yamaha estão entre os maiores fabricantes de fagotes do sistema alemão.

O sistema alemão encontrou mercado em todo o mundo, até mesmo na França e em certos países latinos onde o fagote francês já estava fortemente consolidado. Também, com a internacionalização da música e da busca de um som orquestral uniforme, certos maestros preferem o fagote alemão, porque seu timbre é mais redondo e se funde melhor à massa orquestral. Hoje, os dois instrumentos coexistem, embora poucos músicos iniciem seus estudos no sistema francês. A França é um dos raros países a propor a especialização nos dois instrumentos.

O sistema alemão (Heckel)

O design do fagote moderno deve-se ao professor e compositor Carl Almenräder, que, assistido por Gottfried Weber, desenvolveu o fagote de 17 chaves, cuja extensão atinge quatro oitavas. Almenräder publicou em 1823 um primeiro tratado, onde descreve maneiras de melhorar a entonação, a resposta e a facilidade técnica através do aumento e da mudança das chaves. Em 1831 Almenräder fundou sua própria fábrica de instrumentos, junto com Johann Adam Heckel. Heckel e duas gerações de descendentes continuaram a refinar o fagote, e foi o seu instrumento que se tornou o modelo a que os demais fabricantes deveriam seguir. O próprio Johann A. Heckel chegou a fabricar mais de 4000 instrumentos. O sistema alemão chegou ao século XX dominando o mercado de fabricação de fagotes. Exceto por uma rápida conversão a uma fábrica de armamentos durante o período da guerra, na década de 1940, a Heckel continua produzindo seus instrumentos até hoje.

O sistema francês (Buffet)

O fagote do sistema francês, estabelecido pouco antes do sistema alemão, se transformou de forma mais conservadora. Enquanto o desenvolvimento do fagote Heckel pode se caracterizar como um recondicionamento completo do instrumento sob uma perspectiva acústica e do sistema de chaves, o sistema Buffet se centrou, sobretudo, em melhorias no sistema de chaves. Essa abordagem menos radical priva o sistema francês da consistência melhorada, e logo, da comodidade de uso. Entretanto, apesar de o sistema alemão apresentar em seu timbre mais energia que o Buffet, este último é considerado por muitos como tendo uma qualidade mais vocal e mais expressiva.

A esse respeito, o maestro Juan Foulds comentou em 1934 que lamentava o domínio do fagote Heckel, que em sua opinião tinha sons demasiado homogêneos e semelhantes ao som do corne. Comparados ao sistema Heckel, os fagotes do sistema Buffet têm um mecanismo de certa forma simplificado, requerendo dedilhados diferentes para muitas notas. Os instrumentos Buffet também atingem com mais facilidade os registros mais altos, demandando menos pressão do ar. Ainda que o sistema francês tenha sido extensamente difundido na Inglaterra, seus instrumentos só eram fabricados em Paris, e por volta da década de 1980 os músicos ingleses começaram a abandonar o sistema. Os instrumentos são fabricados hoje por apenas duas empresas: a Buffet-Crampon e a Selmer.

Uso em conjunto

Nas orquestras modernas é comum haver de dois a quatro fagotes, para que haja um contrafagote quando necessário, e um outro seja solista. Seu timbre o torna adequado para peças líricas ou cômicas. O fagote combina muito bem com os outros instrumentos de palheta dupla, e costuma acompanhar solos de oboé ou corne inglês. Geralmente executa pequenos solos, ou forma duetos com outros instrumentos de sopro. Na música de câmara normalmente se usa o fagote como baixo para quase qualquer combinação de sopros de madeira. Hoje, inclusive, vêm conquistado espaço os quartetos de fagote.

Primeiras formações

O fagote foi usado inicialmente nas orquestras para reforçar a linha de baixo, e agir como o baixo da família dos instrumentos de palheta dupla. O compositor barroco Jean-Baptiste Lully incluiu em seu Les Petits Violons oboés e fagotes, junto às cordas, em um conjunto de 16 peças (e, mais tarde, 21 peças), transformando-o em uma das primeiras orquestras a tocar com os recém-inventados instrumentos de palheta dupla. O compositor Antonio Cesti incluiu um fagote na sua ópera de 1668, Pomo d’oro.

No entanto, o uso do fagote nos concertos de orquestra foi muito esporádico até o final do século XVII. O uso crescente do fagote como instrumento basso continuo (baixo contínuo) significou sua inclusão nos corpos orquestrais, primeiramente na França, e mais tarde na ItáliaAlemanha e Inglaterra. Enquanto isso, compositores como Boismortier, Corrette, Galliard, Zelenka, Fasch e Telemann escreveram para o instrumento músicas de conjunto e solos. Antonio Vivaldi tornou o fagote bastante proeminente ao compor 39 concertos para o instrumento.

Na metade do século, a função do fagote na orquestra ainda era limitada a um instrumento contínuo — uma vez que as partituras do período não mencionavam especificamente o fagote, seu uso estava associado especialmente às partes dos oboés e outros instrumentos de sopro. No começo da era rococó, compositores como HaydnJ.C. BachSammartini e Johann Stamitz passaram a incluir em suas partituras trechos que exploravam o timbre especial do fagote, mais que sua habilidade para dobrar a linha de baixo. No entanto, trabalhos orquestrais com partes inteiramente dedicadas ao fagote só se popularizaram com a chegada do período clássico.

A sinfonia “Jupiter” de Mozart é um bom exemplo, com seus famosos solos de fagote no primeiro movimento. Outro importante uso do fagote durante a era Clássica foi no Harmonie, um conjunto de câmara formado por pares de oboés, trompas e fagotes; mais tarde, dois clarinetes foram acrescentados, formando um octeto. O Harmonie era um conjunto mantido por nobres alemães e austríacos para realização de concertos particulares, além de ser uma alternativa mais barata às grandes orquestras. Haydn, Mozart, Beethoven e Krommer escreveram consideráveis quantidades de peças para o Harmonie.

Formações modernas

As orquestras sinfônicas modernas possuem, tipicamente, dois fagotes, com um terceiro fazendo o contrafagote. Alguns trabalhos exigem quatro ou mais fagotistas. O primeiro músico é geralmente o solista nas passagens para o fagote. Seu timbre peculiar o torna usável tanto em solos líricos, dramáticos, como no Bolero de Ravel, e também em trechos cômicos, como no tema do avô em Pedro e o lobo, de Sergei Prokofiev. Sua agilidade permite que toque passagens como a famosa linha corrida (dobrada pelas violas e violoncelos) na abertura de As Bodas de Figaro, de Wolfgang Amadeus Mozart.

La Fiesta Mexicana, de H. Owen Reed, dá grande destaque ao instrumento, assim como a transcrição de Four Scottish Dances de Malcolm Arnold, que se tornou um marco no repertório dos conjuntos de concerto. O fagote também faz parte do quinteto de sopros, junto à flauta, ao oboé, ao clarinete e à trompa. Ele também pode ser combinado de diferentes maneiras aos demais instrumentos de sopro. Richard Strauss, em seu “Duet-Concertino”, torna-o personagem principal, ao lado do clarinete, enquanto a orquestra de cordas acompanha a dupla.

Nas obras de Villa-Lôbos, como a Choros n.° 10 (Rasga o Coração), o fagote serve como instrumento delineador e introduz com agilidade novas linhas melódicas. O quarteto de fagotes têm conquistado mais visibilidade nos últimos tempos, com o Neo Bubonic Bassoon Quartet sendo um dos mais notáveis grupos do gênero. O “Último tango em Beirute” de Peter Schickele (baseado no tema de Tristan und Isolde) é um trabalho bastante popular; O alter ego ficcional de Schickele, “P. D. Q. Bach“, explora as faces mais humorísticas no instrumento com seu quarteto “Lip My Reeds”, que em certo momento convoca todos os seus músicos a tocarem apenas com as palhetas.

Fagote moderno sistema alemão.

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